Dia 1
Você me fisgou. Com seu charme, com sua beleza e sua simpatia. Quase não acreditei que pudesse estar me paquerando e arrisquei. Anotei meu telefone em um guardanapo e te entreguei discretamente, receosa pelo vácuo, mas isso não aconteceu. Você sorriu e pareceu gostar. Mais tarde, exatamente às 23:23, me enviou a sua primeira mensagem e meu coração saltou de alegria. Não deu certo de nos encontrarmos naquela mesma noite, mas você se mostrou bastante interessado e marcamos para a noite seguinte.
Dia 2
Antes do nosso encontro, nos vimos novamente no restaurante e você me fez derreter a cada troca de olhares e piscada de olhos que dispensou a mim. Como consegue ser tão charmoso e meigo? Sem contar as inúmeras visitas a minha mesa, perguntando a todo momento se estava tudo bem com a refeição escolhida. Como se tudo isso não fosse uma grande desculpa para poder interagir mais vezes comigo, sem dar pala para quem pudesse estar nos observando.
A cada conversa me fazia sentir como uma pessoa importante para você, ainda mais por ter me reconhecido após um ano. Da outra vez sequer nos falamos direito e ainda assim você me reconheceu quando me viu de novo. Isso tinha que significar alguma coisa.
Nossa primeira noite juntos foi urgente e rápida. Não houveram muitas preliminares, você sequer me chupou e sem aviso já foi pegando a camisinha. Atribuiu a pressa ao pouco tempo que tínhamos, antes que seu colega de quarto chegasse e cada minuto foi um tempo precioso para que aproveitássemos a companhia um do outro.
Não consegui chegar ao orgasmo durante a nossa primeira transa devido a afobação do momento, mas lhe avisei que ia querer de novo e no segundo tempo gozamos juntos. Foi delicioso.
Depois já fui me vestindo para ir embora como uma putinha contratada, mas não podia reclamar, estávamos fazendo algo as escondidas e não dava para ser diferente. Saí do seu quarto com aquele sorriso na cara de quem acabou de ter uma transa maravilhosa com um homem gostoso.
Dia 3
Percebi que você não era muito de trocar mensagens, apesar de ser um poço de fofura pessoalmente. Seria essa uma característica própria de homens gringos ou uma característica sua mesmo?
Na noite seguinte, novamente trocamos olhares no restaurante durante o jantar, mas você desmarcou nosso segundo encontro com a desculpa do dia ter sido puxado e estar muito cansado. Algo que considerei ser apenas uma desculpa para se afastar, uma vez que já tinha conseguido o que queria.
Dia 4
Eu estava blindada e não nutri nenhuma expectativa de um remember com você. – Estou acostumada com caras que perdem o interesse após a primeira transa. – Porém, no quarto dia a bordo, sem querer topei com você no restaurante durante o almoço (achei que você só trabalhasse durante os jantares), tiramos fotos juntos e você pareceu continuar interessado, me fazendo acreditar que talvez a desculpa da canseira fosse então verdade, uma vez que você tinha trabalhado na noite anterior e estava trabalhando na manhã seguinte também. Aprecio homens que falam a verdade.
Nesse mesmo dia durante o jantar, você estava fazendo de tudo um pouco, de tão movimentado que estava aquele restaurante. E antes que viesse um novo cancelamento da sua parte, me antecipei e lhe instiguei com a possibilidade de uma massagem, por você estar trabalhando tanto. Você se empolgou e confirmou nosso encontro.
Minutos depois, já na sua cabine, novamente transamos sem uma preliminar decente e não consegui chegar ao orgasmo junto com você, apesar de estar extremamente excitada. Continuei sozinha enquanto você se lavava e quando retornou eu já tinha terminado. Lhe massagear foi um tanto engraçado. Eu querendo ser sensual no toque e você me pedindo para apertar cada vez mais forte e até mesmo usar meus cotovelos. Suei lhe massageando rs.
Dia 5
Novamente você não me enviou uma mensagem sequer depois de eu deixar o seu quarto e durante a tarde, resolvi lhe mandar eu, para quebrar o silêncio depois de uma noite tão satisfatória como aquela. Lhe enviei duas fotos minhas que tirei durante a viagem, seguida da legenda: “para não se esquecer de mim” e você respondeu bastante empolgado, três horas depois, quando enfim ficou com internet e as imagens foram entregues.
Outra vez trocamos muitos olhares durante o jantar, mas não transamos após, pois mais uma vez o seu trabalho não contribuiu e você precisou ficar até mais tarde. Dessa vez não achei que fosse mentira e não só pelo fato de você ter me enviado uma foto sua ainda no restaurante, mas porque era o nosso quinto dia ficando juntos e já estava adquirindo mais confiança em você.
Mais tarde você ainda me enviou uma foto da sua TV passando um filme, mostrando o que estava fazendo e ainda falou sobre nos vermos fora do navio no dia seguinte, quando ele parasse no porto de Balneário. Adorei a sua iniciativa. Estávamos ficando cada vez mais íntimos.
Dia 6
Após lhe deixar por uma hora a minha espera na areia daquela Praia Central na Av. Atlântica, sentado em uma cadeira de praia debaixo de um guarda sol, ao me ver, você me recebeu com um lindo sorriso. Cheguei toda esbaforida pelo atraso e fiquei ainda mais atônita com a sua beleza. Tive uma visão do seu corpo que antes não era possível com a proximidade dos ângulos na penumbra daquele quarto. Aquele sol plenamente luminoso e escaldante, me revelou um homem ainda mais interessante, fazendo com que eu ficasse completamente deslumbrada por você. “Ahh meu Deus, será que estou lhe causando a mesma boa impressão?” Eu pensava, toda vez que lhe flagrava fitando o meu corpo também.
Entramos juntos no mar e me surpreendi com a deliciosa temperatura daquela água aquecida quando tocaste os meus pés. E a medida que adentrávamos nela, ficava cada vez mais difícil para mim manter a pose, pois, sempre que a onda chegava ao meu encontro, me empurrava para o lado contrário como se eu fosse uma inimiga. Entre um mergulho e outro você me agarrou para um beijo, já levando a minha mão para a sua parte íntima, enquanto as suas mãos faziam o mesmo comigo. Foi uma delícia ser tarada por você daquele jeito. Que mulher não gostaria de ser desejada por um homem como você? Só não transamos ali mesmo por não ter como usarmos um preservativo.
Foi divertido. Você demonstrou ser também uma pessoa engraçada. Rimos, brincamos e tive aquela deliciosa sensação de estar na presença de um amigo. Enfim voltamos para a areia e lá ficamos deitados (eu com a cabeça em cima da sua barriga), relaxando na sombra, curtindo aquela maresia. De vez em quando você passava areia no meu corpo e minha pele vibrava com o toque da sua mão. E quando o silêncio surgia, eu me esforçava para que desaparecesse, lhe perguntando algo que fosse considerado uma dúvida comum entre duas pessoas que mal se conheciam. De repente você tomou a iniciativa de tirar uma foto nossa juntos. O que achei lindo.
Eu deveria culpar Balneário do Camboriú por fazer aflorar em mim sentimentos que antes eu estava contendo? Não fizemos nada demais e ao mesmo tempo foi como se tivéssemos feito tudo. Ficar com você ali, num contexto que não fosse apenas sexual, foi de um romantismo sem igual. Depois ainda fomos para o outro lado da rua tomar um açaí (algo que você me revelou que adora) num lugar chamado Santo Açaí e lá ficamos mais uns bons minutos.
Durante esse tempo pude perceber mais coisas em você. Percebi que além de um belo corpo, seus lábios e olhos também são lindos. Seus olhos, que antes pareciam apenas castanhos, contra a luz do dia se revelaram cor de mel levemente esverdeados nas laterais. E seus lábios eram bem desenhados e carnudos, emoldurando o seu lindo rosto. Sem contar o seu sotaque falando em português com o atendente. “Murango”. Você falava de um jeito que aos meus ouvidos soava totalmente sexy e irresistível. É… definitivamente o primeiro gringo a gente nunca esquece.
De lá tivemos que voltar para o navio, que o horário do seu turno se aproximava. Nos separamos discretamente, não sem antes você me dar um singelo selinho. Foi muito gostoso sentir que era a sua namoradinha. Voltei para a minha cabine com a cabeça nas nuvens. Tinha sido a tarde na praia mais romântica que já tive. Estava ficando cada vez mais envolvida por ti e sentia que era recíproco, apesar de você continuar com esse jeito frio de não me enviar nenhuma mensagem depois que eu partia.
Antes do horário do jantar, fui para o SPA do navio, onde fiquei o tempo inteiro pensando em você, em como seria bom se você pudesse estar ali curtindo comigo. Aqueles jatos direcionados da piscina, que mais parecia com uma hidromassagem gigante, involuntariamente me deixaram extremamente excitada e me segurei para não lhe enviar uma mensagem dizendo putaria, uma vez que você estaria trabalhando e talvez não lesse com a mesma sintonia. Achei mais seguro ir para o banheiro me masturbar pensando em você, o que me satisfaria por hora e evitaria que eu cometesse alguma gafe lhe mandando uma frase inescrupulosa.
À noite, durante o jantar, novamente trocamos muitos olhares e sempre que você podia vinha até a minha mesa falar comigo. Estava ficando viciada nessa rotina. Antes que eu deixasse o restaurante, você ainda teve a gentileza de me dar uma garrafa de vinho, que eu tinha te perguntado na noite anterior como eu fazia para comprá-la. A sua atitude me tocou e também quis lhe dar um presente.
Após muito pensar, resolvi lhe comprar um perfume, para que toda vez que o usasse lembrasse de mim. Mas como presentear alguém que não conhecemos os seus gostos muito bem não é uma tarefa fácil, pedi ajuda da vendedora pelo perfume masculino mais vendido e ela me mostrou um chamado:“The Secret” do Antonio Banderas. Adorei a fragrância, além do nome ser muito sugestivo. O que estávamos vivendo realmente eram um segredo e eu adoraria sentir aquele cheiro no seu corpo se pudesse.
Quando cheguei na sua cabine, você ficou um tanto constrangido com o presente (sem nem saber o que era, pois sequer pegou a sacola da minha mão) e tive que insistir para que aceitasse. Confesso que lá no fundo eu também achei um pouco precipitado da minha parte, lhe presentear assim sendo que estávamos ficando há pouco tempo, mas nossos dias estavam contados e eu não podia me prender a scripts. Coloquei a sacola ao lado da sua cama e deixei para que abrisse depois (jamais levaria o presente de volta comigo) e começamos a nossa noite. Nossas transas eram sempre iguais, sem muitas novidades, mas dessa vez havia um tempero a mais: os meus sentimentos. Eu te olhava de um jeito diferente, fantasiando que rolava algo a mais entre nós. Novamente não gozei, mas já tinha feito em sua homenagem durante a tarde e estava satisfeita. Estar com você já era o suficiente.
Depois que transamos, conversamos bastante e você se interessou pelo presente. Aparentemente acertei na fragrância, você agradeceu bastante e aproveitei o seu sorriso para lhe perguntar algo que me deixou encucada desde a nossa tarde na praia. Em certo momento quando peguei seu celular para tirar uma foto sua quando me pedistes, me deparei com a foto de uma criança no fundo de tela e meu alarme interno disparou. Você já havia me dito desde a nossa primeira noite juntos que não era casado, nem tinha filhos, mas aquela foto poderia ser a prova de uma mentira. Lhe perguntei então quem era aquela garotinha e você na maior boa vontade destravou o celular, abriu o álbum de fotos da família e me apresentou cada membro dela. Inclusive essa sua sobrinha de 7 aninhos. Foi um momento tão mágico, você ali me mostrando a sua família, mesmo que por foto, pareceu que um dia eu poderia fazer parte dela. Logo mais seu colega de quarto chegou e tive que partir abruptamente.
Dia 7
Nossa última noite juntos. Será que manteríamos contato depois que eu partisse? Seus olhos me davam indícios que sim e acreditei neles. Senti uma atmosfera diferente quando entrei no seu quarto, como se eu também tivesse te conquistado ao longo desses dias. Nossa última transa foi bastante intensa. Nos olhávamos nos olhos, como se ambos lamentassem o fim. Lhe convidei para me visitar quando terminasse a sua temporada a bordo, você sorriu para o meu convite e também disse que me enviaria uma mensagem quando estivesse no porto de Santos novamente, para que pudéssemos nos encontrar e passarmos outra tarde maravilhosa na praia.
Lhe dei de presente uma das fotos que tirei e comprei a bordo, com direito a uma dedicatória atrás, que escrevi na mesma hora, com você sentado na minha frente. Nela eu dizia que esses dias haviam sido incríveis e que mesmo que não nos víssemos mais a partir dali, guardaria a lembrança daqueles momentos com muito carinho. Também te pedi que fizesse o mesmo. E se decidisse aceitar o meu convite, ele permaneceria de pé, pois adoraria te apresentar São Paulo algum dia. Preferia que você lesse só depois, mas você quis ler na minha frente e fui recompensada com seu belo sorriso e um beijo de agradecimento. Seu colega chegou quando eu ainda estava nua e saltitei para debaixo das suas cobertas. Você riu rs. Daí pediu ao seu amigo por mais 5 minutos e ficamos de love mais um pouquinho. Demos um abraço bem apertado antes que eu saísse e me pediu que na manhã seguinte passasse no restaurante para me despedir de você.
Desta vez não saí do seu quarto com um sorriso no rosto. Na verdade, as lágrimas tomaram conta de mim sem que eu pudesse controlar. Tudo tinha sido tão lindo, incrível e mágico, mas com data de validade. Foi uma ilusão achar que poderíamos manter algo depois dali. O seu jeito de não me mandar mensagens depois dos nossos encontros não mudou e sem as nossas noites fiquei com apenas o seu silêncio. Confesso que foi um pouco difícil no começo, mas a cada manhã o conformismo ganhava mais espaço dentro de mim. Eu até poderia dizer que tudo que é bom dura pouco, mas, na verdade, dura o tempo necessário para se tornar inesquecível.